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Monica Pinheiro
Médica do
trabalho ErgonomistaBacharel em Direito |
ERGONOMIA
ORGANIZACIONAL: A
ergonomia organizacional é a macroergonomia, pois ela engloba o entendimento do
gerenciamento de recursos de pessoas, projetos de trabalho, cultura
organizacional, forma de comunicação, organização em rede, tele-trabalho, gestão
de qualidade e modo temporal do trabalho. A macroergonomia não se constitui em sistema
fechado, já que exige contínuo desenvolvimento, aplicação e validação de dados.
Normalmente as demandas em ergonomia organizacional
ocorrem em função dos seguintes fatores: a.
Necessidade de modernização (por exemplo, mudança
tecnológica). b.
Reorientação em decorrência de mudança de
missão. c.
Modificação de composição
acionária. d.
Ajuste de sistema em curso (alterações que demandam esse
ajuste). e.
Consequente a sucessos
microergonomicos. f.
Recomendações externas. g.
Negociações sindicais. h.
Parecer de um especialista. i.
Filosofia administrativa. j.
Conscientização da existência de problemas decorrentes
da ausência de ergonomia. k.
Reclamações e reivindicações dos
trabalhadores. l.
Exigência legal. m.
Melhor preparação para o mercado e
outros. Um dos fortes elementos ensejadores da ergonomia
organizacional nas empresas é a insatisfação dos empregados com as condições de
trabalho e clima organizacional pesado. O ergonomista, por si só, não faz milagre dentro das
organizações, é necessária como medida suporte a formação de comitês internos de
ergonomia, além da participação da alta gerência. A ergonomia participativa exerce papel fundamental sobre
a ação ergonômica na organização do trabalho. Consideraremos participativa
quando a abordagem se faz de baixo para cima tomando-se por base a hierarquia da
empresa. Nada mais e nada menos do que a participação do trabalhador
(Cohen,1996). É importante verificarmos os sentimentos dos trabalhadores para
que possamos modificar suas atitudes em relação ao trabalho. A descentralização
do trabalho é uma forma de aumentar a tomada de decisão do empregado sobre a
atividade que executa. A participação pode favorecer a formação de uma equipe
coesa. O trabalhador da Instituição não pode ser colocado numa
situação de passividade, em que sofre as ações programadas, ele precisa ser um
agente dessas ações para não adoecer. Ergonomia participativa pode ser definida como:
envolvimento das pessoas no planejamento e no controle de uma parcela
significante das suas próprias atividades de trabalho, com conhecimento
suficiente e poder para influenciar tanto processos como resultados para
estabelecer as metas desejáveis (Wilson, 1995, pág. 37). Esta definição implica
que exista estrutura organizacional suficiente para apoiar a ação ergonômica,
dentro da qual os trabalhadores estejam comprometidos com o planejamento e
controle das suas próprias atividades de trabalho, entretanto, isso requer a
disponibilização de treinamentos para desenvolvimento adequado ou ainda que
tenham autoridade mínima suficiente para adoção e tomada de
atitudes. A ergonomia participativa originalmente
formou-se dentro do contexto de programas de qualidade de vida (Brown, 1986).
Como é o caso do presente estudo. A vantagem da macroergonomia é que ela
reconhece o grupo ou equipe de trabalho e não o indivíduo como unidade de
trabalho. Por questões de ordem econômica na prática a
ergonomia participativa é feita por meio de grupo de foco (envolvimento
representativo). Quando o trabalhador é envolvido nos planos
e processos de tomada de decisão os resultados são mais significativos,
provavelmente em decorrência do aporte de conhecimento dos implementadores no
que se referem às condições operacionais, restrições práticas e mesmo
oportunidades. Muitas ferramentas baseadas em computador
estão disponíveis para promover a colaboração e a participação em tomada de
decisão. Cano, Meredith & Kleiner (1998), categorizaram essas ferramentas
como apoio presencial, suporte à comunicação e tecnologia de apoio à decisão.
Assim, apoio presencial é a meta de tecnologias como vídeo – conferência, já as
tecnologias de suporte à comunicação facilitam a dinâmica do grupo e a
transferência da informação. As tecnologias de comunicação e de apoio à decisão
auxiliam no processo de tomada de decisão propriamente
dita. A abordagem sócio técnicas de projeto de
sistemas de informação e sua implementação igualmente preconizam a participação
dos usuários (Eason, 1998). Isso contribui para o adequado funcionamento do
sistema de trabalho pela gestão integrada do humano com o tecnológico, o que
representa no final resultados organizacionais
satisfatórios. Os seres humanos devem ser treinados
continuamente, mas a abordagem recomendada é que além dessa possibilidade seja
criado um sistema que respeite as limitações e capacidades humanas.
Educar, treinar e desenvolver são pilares da
ergonomia organizacional, em caráter de acompanhamento
contínuo. Os ergonomistas podem atuar organizando os
sistemas de trabalho em equipe, arranjo físico, métodos de inspeção, controle
estatístico do processo, manuseio de materiais e métodos de trabalho. Como
organização do trabalho entende-se: o ritmo, exigências de produção, conteúdo
das tarefas, relacionamento interpessoais (pressão e atitude autoritária das
chefias), mecanismos usados no controle da produção, comunicação no trabalho,
verificação do clima organizacional e a aplicação de treinamentos adequados (ver
conteúdo, periodicidade e duração se estão em conformidade com a função do
trabalhador). Então, por organização de trabalho compreendem-se métodos de
trabalho e arranjos produtivos. Sempre que for necessário deve-se interferir
nessa organização, quer seja recomendando alternância das tarefas e/ou rotação
nos postos de trabalho, quer seja instituindo pausas adequadas, redução da
jornada de trabalho, proibindo horas extras, fazendo uma revisão da
produtividade, das formas de controle e/ou do modo como os operadores estão
realizando a tarefa propriamente dita. Lembrar que o tempo da empresa é
diferente do tempo do trabalhador, pois as mudanças naquelas são mais lentas do
que as necessidades dos trabalhadores que estão em ritmo mais acelerado.
Organizações sofrem influência do ambiente externo e o influenciam
também. O ergonomista produz uma transformação
positiva no ambiente de trabalho quando consegue identificar os problemas
propondo soluções que permitam o retorno do fluxo operacional ao padrão de
normalidade aceitável da convivência
humano-tecnológica. O desenvolvimento organizacional só é possível com a
evolução de habilidades e competências de seus membros em todos os níveis
hierárquicos. Esta condição permite que a empresa tenha uma imagem mais
fortalecida no mercado. A participação dos trabalhadores no
redesenho de tarefas mostrou ser eficaz no aumento da qualidade de vida no
trabalho (Baitsch & Frei, 1984), porém a macroergonomia vai além do desenho
ergonômico do trabalho clássico para atingir um nível no qual o trabalhador atua
na análise e projeto no plano dos indivíduos, grupos e da organização. O ideal é
que eles participem do sistema, do funcionamento e
tarefa. Deve ser criada paulatinamente na empresa uma cultura de
participação que estimule o engajamento dos empregados. É necessário apoio
organizacional suficiente (Wilson & Haines, 1997), assim como um facilitador
adequado (Wilson & Haines, 1997). Uns prósperos programas de ergonomia
participativa incluem: processos e métodos apropriados, melhoria contínua e
institucionalização desses fatores (Wilson & Haines, 1997). Os trabalhadores
inclusive podem, dependendo do grau de maturidade da empresa, estipular os
indicadores de desempenho. Se os empregados forem envolvidos em decisões
estratégicas e estruturais deverão receber conhecimento adicional sobre
organização global. Haines & Wilson (1998), afirmam que a ergonomia
participativa pode desempenhar um papel representativo em saúde e segurança. Ter
controle sobre o próprio trabalho traz benefícios motivacionais. A participação
favorece decisões de alta qualidade, permite facilitar a comunicação e a troca
de experiências agregando valor à arquitetura
organizacional. Na verdade, os empregados devem ser envolvidos nas
decisões que os afetam, pois eles têm habilidade e conhecimento suficiente para
contribuir com soluções. A ergonomia organizacional visa à otimização dos
sistemas produtivos (sócios técnicos). Vidal (2002) sugere distinção entre a
organização geral e a do trabalho, desse modo, a organização geral situa a forma
produtiva em um contexto sócio-econômico, geográfico e cultural. O funcionamento
relaciona-se com: concepção, projeto e especificação (conceito de criação),
mobilização (deslocamentos, alocações e atribuições) e sustentação (apoio,
manutenção e regulação). Engloba: globalização, gestão integrada e estratégia de
negócios. A organização do trabalho espelha o controle do funcionamento das
unidades produtivas distribuídas de forma a alcançar os objetivos propostos pela
organização geral através de métodos laborativos. Representa os métodos de
trabalho, arranjo produtivo, escalas e equipagens. A organização do trabalho
inclui também os mecanismos de recrutamento e seleção de pessoas. Segundo Mendes e Abrahão (1996), a organização do trabalho pode
ainda ser compreendida a partir das percepções dos trabalhadores e a partir da
investigação dos aspectos de conflito entre esses e a hierarquia. Relacionados à
organização do trabalho estão fatores como: conteúdo da tarefa, horário de
trabalho, sobrecarga ou subcarga de trabalho físico e mental; participação e
envolvimento; relações interpessoais; ritmo e mecanismos de pressão;
impossibilidade de ascensão funcional, pelas ausências de implementação de
planos de cargos e salários. Um dos enfoques dados ao comprometimento
organizacional é o comportamental, que entende que o comprometimento pode ser
avaliado pelas atitudes do indivíduo, podendo alguns indícios serem verificados
a partir da observação da assiduidade, tempo na empresa, qualidade do trabalho,
entre outros (SIQUEIRA, 2003). O que se observa é que
algumas empresas ainda seguem o modelo Taylorista de racionalização do trabalho,
apresentando problemas organizacionais sérios, principalmente aqueles
relacionados à motivação e satisfação (MATOS, 2003).
A estrutura organizacional pode dar-se da seguinte
forma: a.
por funções (Fordismo) b. por processos (modelo japonês) c.
matricial (escola
sócio-técnica) A teoria da administração científica de Taylor (modelo
clássico), ainda é bastante usada na atualidade. Na prática existem diferenças entre o trabalho prescrito
(tarefa) e o trabalho real (atividade). Fundamentos
sócio-técnicos revisitados pela ergonomia (Vidal,
1993):
Os métodos utilizados no trabalho para avaliação da
macroergonomia podem variar desde: a.
estudo e análise de documentos enviados pelo responsável
da demanda gerencial b. estudo de campo. c.
aplicação de questionário de qualidade de vida e
entrevistas(porque esse estudo foi voltado para implantação do programa de
qualidade de vida da empresa X,denominada assim por questões
éticas). d. estudo e análise de outros documentos,etc.. Características a serem observadas em relação ao que foi
enumerado acima: a. No que tange a verificação de documentos relacionados com a demanda, tudo
deve ser minuciosamente valorizado e precisa ser solicitado do demandante tudo
aquilo que estiver correlacionado com estudo que está sendo realizado e que
ainda não foi apresentado.Deve existir uma relação de confiança entre aquele que
é contratante dos serviços a serem prestados e o contratado.Nada deve ser
omitido para não prejudicar o resultado final. b. Método de estudo e campo: É importante para ratificar ou não os dados registrados
anteriormente pelos documentos previamente recebidos, fazer pesquisas de clima
ou mesmo excluir elementos que não são os verdadeiros responsáveis pela situação
de falta de ergonomia. A partir da observação do trabalho real e dos relatos
feitos pelos trabalhadores podemos fazer um comparativo entre o que foi
solicitado pela empresa (demanda gerencial) e a verdadeira demanda ergonômica a
ser estabelecida. È notório o reconhecimento de que a simples presença do
ergonomista no local de trabalho produz uma variação da rotina habitual dos
empregados,mas apesar dessa particularidade a observação “in locu” é
inestimável. As observações de campo facilitam para o ergonomista a
identificação das situações que podem ou não ser revertidas a partir das
intervenções ergonômicas que serão prescritas. a.
b.
c.
Aplicação de questionário e
entrevistas: Esse é o método mais utilizado para se avaliar o
funcionamento organizacional, especialmente em relação à pesquisa de clima e de
rastreio da adoção de práticas de hábitos saudáveis (estilo de vida) dos
empregados como é o caso de programas qualidade de vida. O questionário deve
servir como ponto de partida para análise, porque ele funciona como um parâmetro
inicial de coleta de dados, mas o ergonomista não deve se ater somente a ele,
visto que é método limitado, principalmente quando as respostas forem do tipo
sim/não, sem informações adicionais mais detalhadas. É interessante agregar a
esse método trabalho também a entrevista, que por ser menos sistematizada
permite um melhor aprofundamento dos dados já obtidos no questionário. A
entrevista sendo realizada depois do questionário permite uma abordagem mais
direcionada dos aspectos que sejam de interesse para elucidação de problemas
apontados. Abaixo o modelo de questionário que foi utilizado, notar
que nele existem perguntas que são semelhantes na abordagem sobre o mesmo tema,
e que foram elaboradas dessa forma de propósito para verificação de respostas
duais ou conflitantes sobre o mesmo assunto. Com isso, foi criada uma tática
indireta de confirmação de resposta em relação a determinados itens que foram
julgados importantes para análise. O modelo de questionário adotado para realização da
pesquisa de campo foi: 1.
Como
você avaliaria sua qualidade de vida no trabalho? Como você vê essa iniciativa
da empresa de fazer um programa de qualidade de
vida? 2. Como você está de saúde
hoje? 3. Em que medida você acha
que sua dor (física) impede você de fazer o que você
precisa? 4. Você está fazendo algum
tratamento médico? 5. O quanto você aproveita
a vida? 6. Em que medida você acha
que sua vida faz sentido? 7. Você consegue
concentrar-se de maneira fácil para efetuar suas tarefas de
trabalho? 8. Você sente seguro (a)
no decorrer da sua vida diária? 9. Como é o seu ambiente
de trabalho (clima, barulho, poluição,
atrativos)? 10. Você tem energia suficiente para o
seu dia-a-dia? 11. Você aceita bem sua aparência
física? 12. Você tem dinheiro suficiente para
satisfazer suas necessidades? 13. Tem fácil acesso a informações e
disponibilidade rápida aos recursos necessários para executar seu
trabalho? 14. Você tem oportunidades de praticar
atividades que gosta e tem lazer
satisfatório? 15. Tem dificuldades para se locomover
para seu local de trabalho? Qual o transporte que você
usa? 16. Dorme bem? Qual o número de
horas? 17. Está satisfeito(a) com a empresa
que trabalha? 18. Está satisfeito com sua capacidade
para o trabalho? Acha que tem possibilidade para melhorar alguma coisa? O que
você precisa ter para melhorar seu
desempenho? 19. Você está satisfeito(a) com você
mesmo? 20. Está plenamente satisfeito com suas
relações pessoais (amigos, parentes, conhecidos,
colegas)? 21. Tem companheiro fixo ou está
solteiro? 22. Tem condições de moradia adequada:
água encanada, toma água filtrada, casa de tijolo, tem saneamento
básico? 23. Mora com
quem? 24. Tem fácil acesso aos serviços de
saúde? Usa o plano de saúde da empresa? 25. O que você acha dos benefícios
oferecidos pela empresa? 26. Com que freqüência você tem
sentimentos negativos tais como mau humor, desespero, ansiedade,
depressão? 27. Tem boa alimentação no trabalho? E
em casa como é sua alimentação? 28. A remuneração que você ganha dá
para cobrir todos os seus gastos? 29. Tem uma vida
confortável? 30. Você participa de algum movimento
comunitário? 31. Qual a sua
religião? 32. Pratica algum
esporte? 33. Está
estudando? 34. Quais os objetivos mais importantes
da sua vida? 35. Quais os seus planos para este ano?
E para o futuro o que você tem em mente? 36. Você tem facilidade de se comunicar
com as pessoas? 37. Você acha que tem chance de
crescimento na empresa? 38. Que recurso você acha que falta
para melhorar seu trabalho? 39. Você sente que tem autonomia sobre
seu trabalho? 40. Seu chefe aceita as sugestões que
você fala para melhoria do trabalho? 41. Você está satisfeito com sua
chefia? 42. Seu dia é dinâmico ou monótono. Faz
tudo igual sempre no seu trabalho? 43. Planeja suas tarefas antes de
começá-las? 44. Segue a risca as normas e
orientações da empresa? 45. Usa equipamento de proteção
individual? 46. Você sente que a empresa investe em
você? 47. Você se sente seguro no seu
trabalho? O que precisa para você se sentir
seguro? 48. Como é o clima do seu ambiente de
trabalho? Como é o nível de estresse? 49. Você sente que existe dentro da
empresa algum tipo de preconceito? 50. Como se dá a comunicação dentro da
empresa? 51. Você tem direito a privacidade no
seu trabalho? Tem liberdade de expressão? 52. Fuma ou
bebe? 53. Gosta do seu horário de trabalho?
Qual é o seu horário atual? 54. Gosta dos seus colegas de
trabalho? 55. Se você pudesse mudar sua vida o
que você faria diferente? 56. Se você fosse o dono da empresa o
que você faria para melhorá-la? 57. Faz checkup de saúde ou só procura
o médico quando está doente. 58. Cite o fator que mais te prejudica
no trabalho. 59. Fale sobre 3 qualidades suas e cite
3 defeitos. 60. Quais as principais doenças da sua
família? 61. Quais os principais fatores que
levam você a faltar ao trabalho? 62. Você está satisfeito com os
benefícios que a empresa te oferece? 63. Qual a sua maior
frustração? 64. Qual o seu maior
medo? 65. Você consegue influenciar
facilmente as pessoas? 66. O que você acha do seu líder? O que
mais agrada nele e o que mais desagrada? 67. Você acha que tem o número de
treinamentos suficientes para o trabalho que você
executa? 68. Você gosta da sua profissão ou
trabalha nela porque precisa? 69. O que é trabalho para você: meio de
sustento, meio de realização, os dois ao mesmo tempo ou pura
obrigação? 70. Qual o seu grande desafio
atual? Em relação aos resultados esperados pela implantação de
ações ergonômicas organizacionais existe a possibilidade de incremento de
indicadores entre 50 a 90% em: a.
segurança (redução de
acidentes) b.
saúde (principalmente doenças
ósteo-articulares-musculares) c.
QVT (aumento da autoconfiança, motivação, satisfação,
manejo de estresse, etc..). d.
produtividade (melhora em quantidade e
qualidade) Os critérios para um bom projeto organizacional
privilegia o fator humano para alocação de funções e tarefas, além de considerar
às variáveis sócias técnicas no delineamento do sistema de
trabalho. A ergonomia não apresenta soluções prontas ou
orientações absolutas, já que procura junto com as organizações o
desenvolvimento de uma ergonomia participativa no sentido de encaminhar
orientações nas situações de sua responsabilidade. À medida que se desenvolvem modelos de organização do
trabalho, a ergonomia vem sendo aplicada dentro das suas bases
técnico-científicas, introduzindo nas organizações o saber da força laborativa
na solução dos problemas apresentados (ergonomia participativa), com isso,
tem-se obtido custos mais baixos no processo
produtivo.
I.
II.
III.
§ Clima e cultura organizacional: Fundamentos teóricos e técnicos sobre clima e cultura
organizacional podem ser inseridos em função da relação desse tema com a
pesquisa de campo. A respeito desses itens, isso permite avaliar o clima organizacional entre subordinados e
a área de liderança. Relações
interpessoais conflituosas no trabalho podem gerar estresse e aumentar o índice
de doenças, acidentes e de absenteísmo. O clima organizacional integra as questões de
organização do trabalho, está, portanto, incluso na ergonomia organizacional
(macroergonomia). Podemos dizer que o clima organizacional é o tempero das
relações de trabalho, e deve ser monitorado periodicamente por meio de
mecanismos de feed-back dos empregados através de pesquisas de clima, caixas de
sugestões espalhadas na empresa, linha direta de comunicação com RH (Recursos
Humanos) ou SAC. Não adianta a empresa investir em ergonomia física
perfeita e ter um clima de trabalho pesado, pois o processo de adoecimento vai
acontecer da mesma forma, em conseqüência do desenvolvimento de patologias de
ordem psicossomáticas. Normalmente, as pessoas dão mais valor ao ambiente
externo e não se preocupam em tratar o que não é palpável, ou seja, o que não
existe de forma concreta e visível aos olhos. Isso, entretanto, não minimiza os
efeitos e impactos do clima organizacional sobre a saúde dos trabalhadores. Se
ocorrer forte incompatibilidade entre as expectativas e formação sócio-cultural
do empregado com a política exercida pela empresa isso pode trazer como reflexo
grande desmotivação, com repercussão na produtividade (baixo rendimento) e até
desinteresse futuro de manter o vínculo
empregatício. Não temos
como abordar clima organizacional sem previamente dizermos o que significa
trabalho na vida das pessoas. O trabalho representa um valor importante, exerce uma influência
considerável sobre a motivação dos trabalhadores e também sobre sua satisfação e
sua produtividade (Herzberg, 1966, 1980, 1996; Hackman e Suttle, 1977 (apud
GUIZZE, 2011). De acordo com Fryer e Payne
1984 (apud GUIZZE, 2011) o trabalho seria uma atividade útil, determinada por um
objetivo definido além do prazer gerado por sua
execução. Ketchum e Trist, 1992 (apud
GUIZZE, 2011), acreditam que os problemas de desempenho organizacional dependem
da organização do trabalho e, mais precisamente, do grau de correspondência
entre as características das pessoas e as propriedades das atividades
desempenhadas. Abordagem sociotécnica:
esse modelo visa organizar o trabalho de tal forma que o comprometimento dos
indivíduos seja estimulado e que o desempenho organizacional seja melhorado.
Trata-se, de fato, de organizar o trabalho de maneira a corresponder às
motivações intrínsecas e extrínsecas dos trabalhadores (Ketchum e Trist, 1992,
apud GUIZZE, 2011). A concepção dos sistemas sociotécnicos considera vários
aspectos extrínsecos que podem afetar o comprometimento no trabalho, tais como o
salário, as condições físicas, materiais e as regras
organizacionais. Existem possibilidades de
ocorrer determinadas situações no trabalho: a.
desajustes
comportamentais b.
estresses c.
somatizações d.
inadequações ao
trabalho e.
acidentes de
trabalho Para minimizar os problemas
acima citados às organizações têm adotado as seguintes
medidas: a.
flexibilização das relações de poder e autoridade
(delegação de tarefas e responsabilidades). b.
redução de níveis hierárquicos (para facilitar a
comunicação e a tomada de decisão; hierarquia horizontal onde se encontra mesmo
poder decisório tem sido preferida à hierarquia
vertical). c.
canais de comunicação e interação entre os funcionários
(facilita a integração com outros setores de trabalho,fortalece o trabalho de
equipe). d.
reorganização do ambiente de trabalho (por meio de
ergonomia participativa, com menos barreiras que impeçam a comunicação das
pessoas no ambiente de trabalho). e.
alcance dos objetivos e metas organizacionais e pessoais
(criação de planos de carreira, de programas de desenvolvimento de pessoas, de
acolhimento de novas idéias dos empregados para melhora da produtividade, da
escolha de metas mais objetivas e de implantação a curto prazo, entre
outras). f.
incremento da produtividade, qualidade e competitividade
(pelo aumento do número de treinamentos em capacitação de empregados, pelo
oferecimento de recursos técnicos de trabalho, por existir retaguarda gerencial
nos processos e procedimentos, pelas aquisições de certificações, pela geração
de novos produtos e/ou serviços que acompanhem as necessidades de mercado,
etc...).
IV.
V.
VI. As principais exigências feitas pelo mercado
aos profissionais são: a.
lidar com várias demandas e culturas simultaneamente
b.
ter foco em
resultados c.
ter visão
estratégica d.
ser inovador,ter audácia e ser
empreendedor e.
saber lidar com incertezas, propondo e interpretando as demandas do
mercado Oliveira, 1995 (apud
GUIZZE, 2011), define clima organizacional como: “O indicador do grau de
satisfação dos membros de uma empresa, em relação a diferentes aspectos da
cultura ou da realidade aparente da organização, tais como políticas de RH,
modelo de gestão, missão, processo de comunicação, valorização profissional e
identificação com a empresa”. Para Luz (2001, apud GUIZZE 2011): “O clima
retrata o grau de satisfação material e emocional das pessoas no trabalho.
Observa-se que este clima influencia profundamente a produtividade do indivíduo
e, conseqüentemente da empresa. Assim sendo, o mesmo deve ser favorável e
proporcionar motivação e interesse nos colaboradores, além de uma boa relação
entre os funcionários e a empresa”. O equilíbrio organizacional
depende do equilíbrio dos indivíduos e das relações estabelecidas entre estes e
as organizações Os principais fatores internos que afetam e definem o clima
organizacional são: a motivação, a liderança e a comunicação.
Podemos dizer que a cultura de uma
empresa se faz por conta de práticas reiteradas (muitas vezes sem estarem
contidas e previstas em documento escrito), que são ratificadas pelo uso por
todos os integrantes da organização. Essa cultura sofre influencia do meio
externo e também o influencia (é uma troca de mão dupla).
Cultura organizacional seria: “ .. um padrão de pressuposições
básicas partilhadas, aprendidas por um grupo à medida
que for capaz de solucionar seus problemas de adaptação externa e
de integração interna, que têm funcionado bem o bastante para
serem consideradas como válidas e, por essa razão, ensinadas aos
novos membros como sendo o modo correto de perceber, pensar e sentir em relação
àqueles problemas.” (SCHEIN, 1992, apud
GRIZZE,2011). A missão, os valores, as práticas, as responsabilidades
sociais, os objetivos e os resultados alcançados que são divulgados pela empresa
na mídia, já oferecem uma idéia da cultura da organização. Embora, essa situação
não seja totalmente confiável em função de muitas empresas apresentarem sensível
diferença entre o que se prega na teoria e a real
prática. Por objetivos organizacionais entendemos (GRAZZE,
2011): a.
Objetivos filosóficos: representam a missão da
organização e são de natureza abrangente. b.
Objetivos específicos: referem-se aos respectivos
segmentos, produtos, mercado, clientes, são de natureza periódica e buscam
atender à demanda situacional. c.
Objetivos operacionais: referem-se às ações concretas,
desenvolvidas num período determinado e visam atingir os objetivos filosóficos.
Tem-se então a rede de objetivos que se estendem aos departamentos, divisões,
seções e setores organizacionais. Segundo, GRIZZE 2011, o conceito de cultura
organizacional é composto por três
dimensões: a.
Material: sistema produtivo. b.
Psicossocial: sistema de comunicação e interação dos
envolvidos. c.
Ideológica: sistema de valores vigentes na
organização. As análises das relações interpessoais
retratam o grau de formalidade e de informalidade presentes nos respectivos
ambientes organizacionais, denotando maior ou menor flexibilidade das relações
entre seus membros. O que se busca é a qualidade de vida no
trabalho, com clima organizacional adequado que favoreça o fortalecimento de
trabalho em equipe, que permita desenvolvimento da criatividade, da autonomia
sobre as tarefas, da flexibilização do trabalho, de tal modo que todos se sintam
satisfeitos e comprometidos com os
resultados. O que as empresas solicitantes de trabalhos
de rgonomia organizacional precisam fazer, é processar todas as informações
contidas no trabalho que é entregue pelo ergonomista para rever a estratégia de
atuação sobre o cliente interno e externo. Não adianta solicitar um trabalho de
ergonomia organizacional sem se quer saber o que está contido nele. Trabalhos
feitos para cumprir exigência de fiscalização do trabalho sem existir interesse
da alta direção na solução do problema apontado é perder a oportunidade de se
fazer um investimento em melhora da qualidade de vida de todos os empregados.
Para se ter aumento da eficiência, da eficácia e da produtividade, e maior
comprometimento dos empregados é preciso que ocorra de fato a transformação positiva do elemento
considerado como gerador da demanda
ergonômica. Deve-se valorizar a autoestima dos
indivíduos de maneira indistinta no sentido de favorecer o crescimento pessoal e
profissional. Redução da alienação do empregado do processo de trabalho,
investindo em treinamentos de ordem técnica, que melhorem sua
performance. Na maior parte das vezes o que se encontra
como queixa dos trabalhadores é a falta de retaguarda gerencial e a falta de
recursos materiais para desenvolvimento da sua atividade laboral.
Em ergonomia organizacional, é
imprescindível à adoção por parte dos gestores de empresa das ações ergonômicas
apresentadas pelo ergonomista ao final do seu
estudo.
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